quarta-feira, 27 de maio de 2020

CANTARES DA MINHA TERRA, SUBSÍDIO PARA O "CANCIONEIRO POPULAR DE BRAGANÇA"



Da autoria de José Manuel Miranda Lopes, publicado sob o pseudónimo de Mário Aldino de Spoleto.
A justificação da obra: "O povo trasmontano, rude na aparência e em certas maneiras, é dotado dum sentimentalismo muito delicado; e é cantando e inspirado nos vastíssimos horizontes das suas montanhas e no misticismo da sua fé, que ele manifesta a delicadeza dos sentimentos e a agudeza do seu espírito. [...] Quem ler atentamente as paginas este livrinho vera como ele canta e ama, e como, cantando, exprime o seu amor e o seu pensamento com uma eloquência, naturalidade e simplicidade encantadora."
O autor afirma que os Cantares agora publicados são extraídos de uma obra mais vasta intitulada "Da nossa terra, Subsídio para etnografia de Trás-os-Montes; assim dividido: Primeira Parte: Capitula 1, Cantigas de viola; Capítulo II, Cantigas da segada; Capítulo III, Jogos e folguedos populares. Segunda Parte: Capítulo I, 1º Folklore religioso; 2º Ensalmos. Capitulo II, 1º Ditados; 2º Outras notas etnográficas."
Os Cantares, coligidos entre 1890 e 1895, são assim constituídos: Primeira Parte: Capítulo I, Cantigas de viola; Capítulo II, Cantigas dos Trilhadores (em forma de dialogo);seguindo, depois, três Suplementos: o nº 1, apresenta cantigas já publicadas por Teófilo Braga, em 1867 e 1909, e outras por Augusto Pires de Lima e Afonso do Paço em 1928, nos seus cancioneiros, mas que o autor considera conveniente "inclui-las na presente colectânea, como mataria auxiliar para o estudo histórico da difusão da poesia do nosso povo, e melhor organização do Cancioneiro Popular de Trás-os-Montes; o suplemento nº 3 intitulado Cantigas dos Malhadores e Limpadores é completado com uma explicação coreográfica e sobre a prática da malha e instrumentos utilizados.
Miranda Lopes refere ainda no fim do prefácio que publicará noutro volume o folklore religioso, obra que não conseguiu realizar desconhecendo-se o paradeiro do manuscrito, se é que ainda existe?
Obra atualmente raríssima de encontrar, mesmo junto dos alfarrabistas é de uma importância crucial a sua republicação para a salvaguarda e divulgação do nosso património imaterial, justamente numa época em que se assiste à despersonalização cultural das gentes, em que é necessário conservar e tentar reconstruir na sua integridade a tradição lírica popular, não só porque ela faz parte do património nacional mas, sobretudo, porque é uma das mais importantes raízes culturais da nossa terra.

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